Friday, March 11, 2005

“Geração após geração, o homem
nasce outra vez. Cada geração dá
origem a novas aspirações na vida
e traz uma nova busca de plenitude.
Cada homem precisa de boa saúde
física e mental, mais habilidade na
acção, uma maior capacidade de
pensar com clareza, mais eficiência
no trabalho, e um relacionamento mais
afectuoso e gratificante com os outros.
Precisa de vitalidade e inteligência
suficientes para satisfazer os desejos
da sua mente e trazer contentamento
à sua vida. Temos visto que tudo isto
se pode alcançar através da prática
regular da Meditação Transcendental.”

– Maharishi







MAHARISHI MAHESH YOGI, fundador do movimento mundial da Meditação Transcendental, estabeleceu centros de meditação em todas as principais cidades do mundo. Ciência do Ser e Arte de Viver: Meditação Transcendental demonstra porque razão Maharishi é reconhecido como o maior mestre de iluminação do nosso tempo.





CIÊNCIA DO SER
E ARTE DE VIVER

Meditação
Transcendental


de

Sua Santidade Maharishi Mahesh Yogi




AOS
PÉS DE LÓTUS DE
SHRI GURU DEV,
SUA DIVINDADE SWAMI BRAHMANANDA SARASWATI,
JAGADGURU BHAGAVAN SHANKARACHARYA
DE JYOTIR MATH, HIMALAIAS,
E, COMO BÊNÇÃOS DELE,
ESTE LIVRO É APRESENTADO
A TODOS OS AMANTES DA VIDA
DESEJOSOS DE DESFRUTAR DE TODAS AS GLÓRIAS
TERRENAS E DIVINAS








CIÊNCIA DO SER
E ARTE DE VIVER

Meditação
Transcendental






INTRODUÇÃO

A Ciência do Ser e Arte de Viver é a soma da sabedoria prática da vida integrada, proposta pelos Rishis Védicos da antiga Índia, com o avanço do pensamento científico do mundo ocidental contemporâneo.
Apresenta uma filosofia de vida em plenitude e traz à luz uma prática adequada a todos os homens, em qualquer parte do mundo, para glorificar todos os aspectos da sua vida do dia-a-dia. Lida com os aspectos fundamentais de todos os problemas da vida e sugere uma cura eficaz para erradicar todo o sofrimento.
Este livro apresenta uma tese prática sobre a vida integrada que tem sido desde há muito a meta abstracta das várias ciências, religiões e grupos de pensamento metafísico. Esta tese permitirá que todos os homens harmonizem o seu conteúdo espiritual interior com as glórias da vida material exterior, e encontrem o seu Deus dentro de si mesmos.
A ciência investiga a realidade das formas e dos fenómenos. Os diversos ramos da ciência são os vários caminhos para entender a verdade da existência. A abordagem de cada um deles começa no óbvio conhecido, e tem como objectivo investigar o escondido desconhecido. A verdade última da vida está a ser abordada por todos os ângulos. Todas as ciências estão a explorar as diversas camadas da criação, desde os grosseiros aos mais subtis campos de existência.
A Ciência do Ser, como qualquer outra ciência, começa a sua investigação sobre a verdade da existência a partir do nível grosseiro, óbvio da vida e entra posteriormente nas regiões subtis da experiência. Mas, por fim, a Ciência do Ser transcende estas regiões subtis e chega à experiência directa do campo transcendental do Ser eterno.
A Ciência do Ser é uma profunda e prática filosofia de vida. É uma investigação sistemática sobre a verdadeira natureza da realidade última. Muito embora, como qualquer outra ciência, seja teórica por natureza, os seus aspectos aplicados alcançam horizontes muito mais vastos da realidade suprema da vida do que as especulações metafísicas abstractas.
Este livro divide-se em quatro partes: “A Ciência do Ser”; “A Vida”; “A Arte de Viver”; e “A Plenitude”. As três últimas partes apresentam a sabedoria mais prática que existe sobre a vida do dia-a-dia, e esta suprema sabedoria da vida prática baseia-se no profundo significado filosófico contido na parte sobre a Ciência do Ser.
A Ciência do Ser serve para proporcionar uma base significativa e profunda para a arte de viver. Na realidade, a arte de viver é a Ciência do Ser posta em prática.
Para aqueles que nunca se interessaram por estudos metafísicos, a parte “A Ciência do Ser” pode, a princípio, parecer altamente abstracta, mas, quando começarem a ler “A Vida”, passarem para “A Arte de Viver” e concluírem “A Plenitude”, verificarão que, sem discorrer longamente sobre os aspectos abstractos da Ciência do Ser, toda a sabedoria do livro não teria qualquer base prática.
Um jardineiro tem de ter um conhecimento da raiz oculta da árvore antes que se possa esperar que aplique o seu esforço concentrado em regar a raiz para que toda a árvore continue viçosa e verde.
Do mesmo modo, a um homem no campo prático da vida deve-se dar em primeiro lugar um bom entendimento da realidade fundamental da vida, que reside no campo do Ser abstracto, para que glorifique tudo o mais na vida. É por isso que a Ciência do Ser é a primeira parte deste livro, e as partes com valor prático vêm depois.
A palavra “ciência” vem do radical latino scire, conhecer. Significa conhecimento; conhecimento sistematizado é ciência.
A Ciência do Ser significa conhecimento sistematizado do Ser – conhecimento sistematizado da existência ou da realidade da vida.
O campo do Ser, ou da existência absoluta, foi durante muitos séculos considerado em termos de misticismo. A actual era científica hesita em atribuir valor a qualquer coisa envolta numa roupagem de misticismo, e essa é a razão pela qual o estudo do Ser, o campo absoluto da criação, não fez parte, até agora, de qualquer ramo da ciência.
O crescimento do pensamento científico na geração actual trouxe o Ser para o nível do estudo e pesquisa científica.
Foi desenvolvido um método sistemático que permite a qualquer indivíduo experimentar directamente o estado puro do Ser. Consiste em começar por experimentar conscientemente as camadas subtis de um pensamento, acabando por ter a experiência directa do estado mais subtil do pensamento e, em seguida, alcançar a própria fonte do pensamento. A mente consciente atinge então o estado puro do Ser.
A Ciência do Ser, que dá origem à arte prática de viver, é uma ciência muito mais valiosa para a vida humana do que todas as ciências até hoje conhecidas pela mente humana. Porque, até agora, a base de todas as ciências tem sido a mente humana funcionando a partir de um campo de consciência limitado, ou potencial limitado. A Ciência do Ser, devido à prática da Meditação Transcendental, expande a capacidade consciente da mente para valores infinitos e, por conseguinte, funciona não só como a base para a grande expansão do conhecimento em todos os campos da ciência, mas traz também ao homem um meio directo de realização.
A minha gratidão por todo este conhecimento vai para a sagrada tradição de Jagadguru Bhagavan Shankaracharya, a principal fonte de todas as minhas inspirações e actividade.
Devo os meus primeiros agradecimentos a Henry Nyburg, o dirigente do Movimento de Regeneração Espiritual na Europa, que primeiro sentiu a necessidade e concebeu a ideia de um livro como este há cerca de três anos.
Devo agradecer também à abençoada Ma de Londres que, como uma mãe, ficou de vigia sobre a criança para que a tarefa fosse completada. Leona Simpson, do Canadá, Guri Mehellis, da Noruega, e Dick Bock, de Los Angeles, foram também de grande ajuda para manter o alento da escrita e do escritor. Jerry Jarvis e a sua querida esposa, Debby, que trabalharam arduamente na transcrição e edição das gravações e na preparação do manuscrito final, também merecem partilhar dos meus sentimentos de reconhecimento e agradecimento. Certamente, o aconchego da atmosfera criada pelo amor da Mãe Olson e Roland Olson, Helen Lutes e os queridos Verrills e Granvilles teve a sua quota-parte na publicação deste livro.
Este é um livro de renovação para o nosso tempo. Se a era de ouro algum dia tiver que surgir na sociedade humana, se a Era da Iluminação algum dia tiver que existir na Terra, este livro proporcionará uma auto-estrada para que venha. Uma nova humanidade nascerá, mais cheia de ideias e mais rica em experiência e realizações em todos os campos. A alegria de viver pertencerá a todos os homens, o amor dominará a sociedade humana, a verdade e a virtude reinarão no mundo, a paz na Terra será permanente e todos viverão satisfeitos uma vida de plenitude na consciência de Deus.

Jai Guru Dev.
– MAHARISHI MAHESH YOGI
Lake Arrowhead
Califórnia
12 de Janeiro de 1963



PARTE I


A Ciência do Ser


O QUE É O SER?

O Ser é Vida. É existência. Ser é viver, é existir. O Ser, ou existência, exprime-se por meio de diferentes aspectos do viver: pensar, falar, fazer, experimentar, sentir. Todos os aspectos da vida têm a sua base no Ser.
Surge então a questão de como entender o Ser em termos de todos os diferentes aspectos da vida com os quais estamos familiarizados. Como podemos conhecer o Ser em termos do mundo, e qual é a sua relação com o mundo das formas e fenómenos em que vivemos?
Como podemos distinguir a existência daquilo que existe?
A existência é abstracta; aquilo que existe é concreto.
Podemos dizer que a existência é a vida em si, enquanto que aquilo que existe é a fase fenomenal, sempre mutável, da realidade imutável da existência. A existência é o aspecto abstracto da vida sobre o qual se estrutura aquilo que designamos por fases concretas da vida, que abrangem todos os aspectos do indivíduo – corpo, mente, pensar, falar, agir, comportar-se, experimentar e influenciar o meio ambiente, incluindo todos os aspectos da existência cósmica.
A vida expressa-se em diferentes modos de viver. Aquilo que é vivido é a expressão da vida; aquilo que existe é a expressão da existência.
A existência, vida ou Ser, é a realidade não manifestada de tudo o que existe, vive ou é. O Ser é a realidade última de tudo o que foi, é ou será. É eterno e ilimitado, a base de toda a existência fenomenal da vida cósmica. É a fonte de todo o tempo, espaço e causação. É a essência e o supremo propósito da existência, o campo eterno da omnipotente inteligência criativa que tudo permeia. Eu sou Aquele Ser eterno, Vós sois Aquilo, e tudo isto é Aquele Ser eterno na sua natureza essencial.
A experiência mostra que o Ser é consciência de bem-aventurança, a fonte de todo o pensamento, de toda a criação existente. Ele encontra-se fora da existência relativa, no ponto em que o experimentador, ou mente, permanece desperto por si mesmo, plenamente consciente de si, sem qualquer experiência de um objecto. A mente consciente alcança o estado de consciência pura que é a fonte de todo o pensamento. A omnipotente inteligência criativa do absoluto é a fonte de toda a inteligência. O Ser é a fonte de todo o poder. É a fonte de toda a natureza e das leis naturais que mantêm as diferentes formas e fenómenos na criação.
A natureza essencial do Ser é consciência de bem-aventurança absoluta . Sem o conhecimento do fundamento da vida, a consciência de bem-aventurança absoluta, a vida é como um edifício sem alicerces. Toda a vida relativa sem a base consciente do Ser é como um navio sem leme, sempre à mercê do mar encrespado. É como uma folha seca no chão, deixada à mercê do vento, vagueando sem rumo em qualquer direcção em que o vento a leve, pois não dispõe de raízes para se fixar. A vida do indivíduo sem a plena consciência do Ser é desprovida de fundamento, não tem sentido e é infrutífera.
Assim, o Ser é aquilo que constitui a base da vida, lhe dá significado e a torna frutífera. O Ser é a presença viva de Deus, a realidade da vida. É eterna verdade. É o absoluto em eterna liberdade.

SER, O COMPONENTE ESSENCIAL
DA CRIAÇÃO

A física diz-nos que toda a criação é construída em camadas de energia, umas dentro das outras. A mais subtil encontra-se no estrato mais interno da criação e estrutura em torno de si diferentes qualidades, tornando-se cada vez maior.
Recentes descobertas da física indicam a existência de vários tipos de partículas elementares que estão na base de toda a criação. Verifica-se que a família das partículas elementares aumenta continuamente, mostrando que a criação existe em inúmeras camadas de energia. As pequenas partículas dão origem a neutrões e protões que se estruturam num núcleo de um átomo, que por sua vez se estrutura num átomo. Os átomos formam moléculas, e as moléculas criam as diferentes formas de fenómenos e constituem todo o universo visível. Esta é a forma como a física está a descobrir as camadas mais subtis da criação.
Houve uma época em que a física declarou a indestrutibilidade da matéria porque o átomo, que se pensava ser a parte mais subtil da matéria, era considerado indestrutível. Mais tarde, as experiências no campo da física desintegraram o átomo e descobriram outro mundo. As investigações em torno do núcleo do átomo deram origem à física nuclear. As investigações no campo dos electrões deram origem à electrónica. O crescente conhecimento nestes campos fez com que a habilidade do homem avançasse muito além daquilo que se poderia ter imaginado algumas décadas atrás.
À medida que aumenta o nosso conhecimento sobre as camadas mais subtis da criação, isso vai permitindo que nos tornemos mais poderosos na vida.
Abaixo da camada mais subtil de tudo quanto existe no campo relativo encontra-se o campo abstracto e absoluto do Ser puro, que é não manifestado e transcendental. Não é matéria nem energia. É puro Ser, o estado de existência.
Este estado de pura existência é subjacente a tudo o que existe. Tudo é a expressão desta existência pura ou Ser absoluto que é o componente essencial de toda a vida relativa.
Este Ser eterno, não manifestado e absoluto manifesta-se em muitas formas de vida e existência na criação. À medida que aumenta o nosso conhecimento das camadas mais subtis da existência, tiramos partido desse conhecimento e tornamo-nos cada vez mais capazes de compreender a vida. A nossa vida torna-se mais abrangedora, mais poderosa, mais útil e mais criativa; as nossas aspirações também aumentam.
O conhecimento do Ser como componente essencial e supremo da criação eleva, igualmente, os padrões de todos os aspectos da vida até à condição ilimitada da existência absoluta. A vida relativa adquire o nível do absoluto e, com base nisto, é conferida estabilidade e permanência ao campo do relativo.
A energia, a inteligência e a criatividade elevam-se ao seu valor ilimitado e as limitações da vida individual ganham uma condição de existência cósmica ilimitada. É isto que constitui a glória da descoberta de que o Ser é o componente essencial da criação.

A OMNIPRESENÇA DO SER

Vimos que o Ser é o componente essencial da criação e que Ele está presente em todas as camadas da criação. Está presente em todas as formas, palavras, aromas, sabores e objectos palpáveis. Em todos os objectos de experiência, em todos os sentidos da percepção e órgãos de acção, em todos os fenómenos, naquele que faz e no trabalho feito, em todas as direcções – norte, sul, leste e oeste – em todos os tempos – passado, presente e futuro – Ele está presente de modo uniforme. Está presente em frente do homem, atrás dele, à sua esquerda e à sua direita, acima dele, abaixo dele, nele próprio, em toda a parte, e, em todas as circunstâncias, o componente essencial da criação, o Ser, permeia tudo. Ele é o Deus omnipresente para aqueles que O conhecem e compreendem, que O sentem, e O vivem nas suas vidas.
A totalidade da criação constitui o campo da consciência em diferentes formas e fenómenos. A consciência é a irradiação a partir do centro do Ser puro. Por exemplo, a corrente eléctrica de uma bateria alcança a lâmpada e irradia sob a forma de um raio de luz. À medida que o raio luminoso se distancia da fonte, a sua intensidade diminui até atingir um limite em que se pode dizer que a luz é nula. Do mesmo modo, a consciência de bem-aventurança irradia a partir da inesgotável bateria do Ser e, à medida que se distancia da fonte, o grau de bem-aventurança diminui. Pode dizer-se que a consciência aparece em todas as formas de vida, subtis e grosseiras.
Aqueles cujos corações e mentes não estão cultivados, cuja visão se concentra no grosseiro, vêem apenas o valor superficial da vida. Só encontram qualidades da matéria e energia; não encontram o Ser inocente, sempre presente e omnipresente. A suavidade da Sua presença está para além de todos os graus relativos de suavidade. Eles não desfrutam do Ser omnipotente na Sua condição inocente e imutável de plenitude e abundância de tudo o que está para além da fase óbvia das formas e fenómenos, da matéria e da energia, e da mente e do indivíduo.
O Ser puro é de natureza transcendental devido à Sua condição de componente essencial do Universo. É mais refinado que o mais refinado da criação. Devido à Sua natureza, não está exposto aos sentidos, que são formados, em primeiro lugar, para dar apenas a experiência da realidade manifestada da vida. Ele não está exposto de forma óbvia à percepção da mente, pois a mente, na sua maior parte, está ligada aos sentidos. A constituição da mente é tal que, para qualquer experiência, tem de se associar aos sentidos e entrar em contacto com o mundo exterior de formas e fenómenos.
A experiência mostra que o Ser é a natureza básica e essencial da mente; mas, visto que ela geralmente fica em sintonia com os sentidos, projectando-se para o exterior em direcção aos domínios manifestados da criação, a mente não se apercebe ou não consegue apreciar a sua própria natureza essencial, tal como os olhos são incapazes de se verem a si mesmos. Tudo pode ser visto pelos olhos, excepto os próprios olhos. Da mesma forma, tudo está baseado na natureza essencial da mente, o Ser omnipresente, e, no entanto, enquanto a mente se ocupa no campo projectado da diversidade manifestada, o Ser não é apreciado por ela, muito embora constitua a sua própria base e o seu componente essencial. Por estar na raiz de todas as coisas, Ele está, por assim dizer, a suportar a existência da vida e da criação sem se expor a Si próprio. A grande dignidade, o grande esplendor e grandiosidade da Sua natureza inocente, omnipotente e omnipresente, está presente no homem como base do ego, intelecto, mente, sentidos, corpo e meio circundante. Mas Ele não é evidente; está subjacente a toda a criação.
É como um poderoso empresário que raramente se encontra nas instalações da sua empresa, que se mantém na sombra mas, no entanto, controla eficazmente as suas operações de negócios. Para o podermos ver, é necessário ir ao seu encontro num local isolado, longe da actividade principal das instalações da empresa. Do mesmo modo, o controlador de tudo no Universo, estando presente em toda a parte, influenciando tudo, permanecendo na base da conduta de toda a actividade universal e vida fenomenal, habita na câmara silenciosa do coração de cada um e de todas as coisas.
É a omnipresença do Ser que é responsável por ocultar a Sua natureza num local isolado, longe da agitação do mundo. É a omnipresença do Ser que é responsável por ocultar o Ser nos bastidores e por Lhe dar a condição de senhor omnisciente, omnipotente e supremo do Universo.
O senhor do Universo habita assim tão gentilmente no coração de todos para fazer com que ninguém sofra. Para manter o ilimitado amor, felicidade e evolução de todos, o senhor omnipresente do Universo é tão bondoso que em tudo reside naturalmente. Ninguém é capaz de se retirar Dele. É a omnipresença do Ser que é a vida eterna, a essência da vida eterna.

SER, O CAMPO DA VIDA ETERNA

Enquanto componente essencial omnipresente da criação, o Ser permanece na base de tudo, para além de toda a existência relativa, além de todas as formas e fenómenos. Por ter a Sua condição pura e ilimitada no transcendente, Ele está fora do domínio do tempo, espaço e causação, e fora dos limites do campo sempre mutável da criação fenomenal. Ele está, esteve e estará na Sua condição de absoluta pureza. Mantém sempre a condição que não conhece qualquer mudança, a condição da vida eterna.
O Ser absoluto e a sua relação com o Universo relativo podem ser entendidos por intermédio de um exemplo. O Ser é como um oceano ilimitado de vida, silencioso e existindo sempre na mesma condição. Os diferentes aspectos da criação podem ser entendidos como as ondas do vasto oceano do Ser eterno. Todas as formas, fenómenos e estados sempre mutáveis da vida no mundo têm a sua base nessa vida eterna do Ser omnipresente.
O eterno oceano do Ser pode ser concebido como um oceano de água. A única diferença é que a condição pura do oceano do Ser está para além de toda a existência relativa. É a vastidão ilimitada da existência pura, ou consciência pura, o componente e conteúdo essencial da vida. É o campo da vida ilimitada, infinita e eterna, inteligência pura, existência pura, o absoluto.
Assim, tendo-se verificado que o Ser é o campo da vida eterna, o que é encorajador a nível prático é o facto das fases fenomenais sempre mutáveis da vida quotidiana poderem ser suplementadas com o poder ilimitado da vida eterna do Ser. De que maneira isto é alcançado em diferentes fases da vida individual, é um assunto a ser tratado em “Como Contactar o Ser” e em “A Arte de Ser” .

SER, A BASE DE TODO O VIVER

O viver constitui a vida prática da actividade do dia-a-dia. O Ser, que é o componente essencial da criação, está na base de toda a actividade, permanecendo no campo do absoluto. O Ser constitui a fonte básica de toda a actividade do indivíduo e, naturalmente, n’Ele e por intermédio d’Ele é mantida a actividade em todos os complexos e diversificados campos da vida do dia-a-dia.
Sabemos, naturalmente, que a nossa vida começa com a respiração e o pensamento. Em “Prana e Ser” e “Mente e Ser” veremos como o Ser não manifestado e transcendental Se manifesta na forma de prana e mente, que é o nível do pensamento e da respiração. Desta forma, veremos como toda a actividade da nossa vida é baseada no absoluto e eterno campo do Ser. O início da actividade tem lugar a partir do nível do pensamento, e o início do pensamento tem lugar ao nível do Ser transcendental. Portanto, encontramos o Ser na base de toda a actividade, comportamento e várias formas e estilos de vida.
Todas as tendências e as várias formas de gostar e não gostar são modos de funcionamento da mente. Uma vez que tenhamos penetrado na base da mente e do prana, será fácil estabelecer o Ser como base de todo o viver. Porque o Ser permanece na raiz de toda a criação, na raiz de todas as tendências do homem, na raiz de todas as complexidades do comportamento e da sociedade, é fácil concluir que o Ser é a base de todo o viver.
É possível glorificar todos os campos da vida e do viver infundindo conscientemente a natureza do Ser em todos os diferentes campos da actividade e do comportamento .
Sabemos que a actividade depende do pensamento. É preciso pensar primeiro antes de fazer qualquer coisa. No entanto, as pessoas raramente reflectem sobre aquilo de que depende o seu pensamento. O pensar é a base do fazer; qual é, então, a base do pensar? Para se pensar é preciso, no mínimo, ser. O Ser é a base do pensar e o pensar é a base do fazer. O Ser é a base de todo o viver, do mesmo modo que, sem a seiva e sem a raiz, não existiria árvore. Se pudermos cuidar da seiva, toda a árvore será cuidada. Do mesmo modo, se pudermos cuidar do Ser, todo o campo do pensar e do fazer será cuidado. Todo o campo da vida pode ser glorificado ao cuidarmos conscientemente do Ser. O Ser é a base de todo o viver mais glorificada, mais preciosa e mais louvável. O Ser é o plano da lei cósmica, a base de todas as leis da natureza, que permanece na raiz de toda a criação e evolução.

SER, O PLANO DA LEI CÓSMICA

Lei significa norma de procedimento. Lei cósmica significa norma de procedimento da vida cósmica, a norma que governa o propósito da existência e evolução cósmicas. Lei cósmica significa a norma de procedimento da inteligência criativa cósmica que cria, mantém e dissolve o Universo.
Cósmico significa que abrange tudo, significa “de todo o Universo”. Tudo o que existe na natureza no seu estado estático de existência ou no seu estado dinâmico de vida está incluído quando dizemos cósmico.
O que verificamos no Universo é a progressão da vida; a vida parece existir num modo progressivo. Algo é criado, cresce, desenvolve-se ao máximo e, por fim, começa a decair. Decai e transforma-se de novo. Encontramos uma situação de coisas que mudam. É a mudança do padrão de vida, uma mudança do estado que sustém a evolução. É o aspecto da mudança que confere ao Universo a sua própria condição.
Verificamos que as coisas estão a mudar no Universo. Mas, para além da mudança, existe a manutenção. A vida mantém-se a si mesma e evolui ao mesmo tempo. O aspecto da manutenção é um aspecto de estabilidade; o aspecto da evolução é um aspecto de mudança.
A manutenção de algo criado é estável mas, quando este algo se transforma noutra coisa, evolui para um estado superior ou se degrada para um estado inferior, chamamos a isso a fase mutável. Por conseguinte, quando pensamos em lei cósmica temos de considerar estes dois factores: o factor de estabilidade e o factor de mudança no Universo. E vemos que eles se encontram em simultâneo.
Esta é a lei da criação, a lei da manutenção, a lei da evolução. Algo é criado, é mantido e, enquanto é mantido, evolui, atinge o ponto máximo de evolução, depois dissolve-se. Este ciclo de criação, manutenção, evolução e dissolução continua e, na sua continuidade, a vida do Universo prossegue.
Quando consideramos a lei universal temos de considerar todas as diferentes características do Universo, a criação das coisas e a criação da vida, a manutenção da condição própria das coisas da vida já criadas, a evolução da vida que é mantida e, finalmente, a dissolução.
Para termos uma ideia clara sobre a natureza da lei cósmica, usemos um exemplo: o hidrogénio é um gás, o oxigénio, outro gás; ambos se combinam para formar a água, H2O. As características do gás transformaram-se nas características da água, mas “H” e “O”, hidrogénio e oxigénio, continuam a ser “H” e “O”. De novo, a água congela e transforma-se em gelo. As características da água transformaram-se nas características do gelo, mas o hidrogénio e o oxigénio, seus componentes essenciais, continuam a ser os mesmos. O facto de o hidrogénio e o oxigénio permanecerem os mesmos significa que há alguma força, que há alguma lei ou sistema, que mantém a integridade do hidrogénio e do oxigénio. Contudo, há certas leis que mudam continuamente as características do gás para as da água, e as da água para as do gelo.
Há uma lei que não permite que a condição do hidrogénio e do oxigénio mude, e a própria lei também não muda. A lei que não permite que o hidrogénio e o oxigénio se transformem noutra coisa qualquer é em si mesma imutável, uniforme e eterna. Permitindo que o hidrogénio e o oxigénio passem por todos os diferentes níveis da criação, ela mantém a integridade do hidrogénio e do oxigénio.
Essa lei é a mesma lei que mantém o status quo do componente essencial; mas, em diferentes níveis da criação, este fluxo da lei dá origem a outras leis que transformam a característica deste plano na característica daquele plano, transformam as características do gás nas da água, e as da água nas do gelo.
Diferentes níveis da criação sob diferentes formas evoluem continuamente. O aparecimento de novas qualidades é necessariamente devido a novas leis que entram em acção. Vemos então que todas estas novas leis entram em acção mesmo quando aquela lei eterna continua no seu estado imutável. Todas as mudanças ocorrem sobre a plataforma imutável do componente essencial. Isto dá-nos uma ideia clara sobre a lei cósmica
Há uma lei do Universo que nunca muda, e há inúmeras leis que são responsáveis por todas as mudanças na criação. A lei que nunca muda mantém permanentemente a integridade do componente essencial e último da criação. Portanto, esta lei cósmica é tal que nunca muda; no entanto, mesmo enquanto se mantém inalterada, continua a gerar novas leis em diferentes estratos da natureza. Isto resulta nos diferentes estados da criação, nas diferentes formas e fenómenos.
O componente essencial e último da criação é o estado absoluto do Ser ou estado de consciência pura. Este estado absoluto de consciência pura é de natureza não manifestada, a qual é sempre mantida como tal em virtude da lei cósmica imutável. A consciência pura, o Ser puro, é mantida como consciência pura e Ser puro durante todo o tempo e, no entanto, é transformada em todas as diferentes formas e fenómenos. É esta a lei cósmica, uma lei que nunca muda e que nunca deixa que o Ser absoluto mude. O Ser absoluto permanece Ser absoluto em todas as circunstâncias, embora seja encontrado em diferentes qualidades, aqui e ali, em todos os diferentes estratos.
A lei cósmica é aquele estado absoluto de consciência pura que não conhece qualquer mudança. É a base de todas as leis da natureza e mantém o status quo dos diferentes estratos da criação, ao mesmo tempo que promove a sua evolução para estratos superiores, conforme o propósito cósmico da criação e da evolução, mantendo assim o fluxo evolutivo. Assim, embora a manutenção e evolução da criação seja levada a efeito directamente por diferentes leis da criação, a base de todas estas leis é a eterna lei cósmica no plano do Ser, que é a base de toda a criação.
A lei cósmica funciona a partir do nível que se situa entre os planos relativo e absoluto da vida. Harmoniza o Ser eterno, não manifestado, com o campo manifestado da existência relativa diversificada. É o poder da lei cósmica que mantém o Ser eterno no estado absoluto e, ao mesmo tempo, mantém a sempre mutável criação fenomenal da diversidade nos estados relativos da vida. É o poder da lei cósmica que mantém o Ser eterno imutável juntamente com a sempre mutável diversidade fenomenal da criação. O carácter único de unidade da vida do Ser absoluto e diversidade da criação múltipla são ambos mantidos nas suas próprias condições de estado imutável e estado sempre mutável. Esta é a natureza misteriosa e todo-poderosa da lei cósmica, que tem a sua condição eterna no plano do Ser.

SER, O ABSOLUTO E O RELATIVO

O campo ilimitado do Ser vai desde o estado não manifestado, absoluto e eterno até aos estados grosseiros, relativos e sempre mutáveis da vida fenomenal, assim como o oceano vai desde o silêncio eterno das suas profundezas até à grande actividade de natureza sempre mutável na superfície das ondas. Uma extremidade é eternamente silenciosa, imutável por natureza, e a outra é activa e sempre mutável.
A fase activa e sempre mutável do oceano representa a fase relativa do Ser, e o aspecto sempre silencioso do fundo do oceano representa o estado imutável, eterno e absoluto. Esta é a relação do Ser com o mundo das formas e fenómenos em que vivemos. Ambos os estados, relativo e absoluto, são os estados do Ser. O Ser é eternamente imutável no Seu estado absoluto, e é eternamente mutável nos Seus estados relativos.
Vimos que o Ser é a realidade última da existência e o componente essencial da criação; é omnipresente. Isto revela que o Ser tem dois lados na sua natureza essencial: um é absoluto, o outro, relativo. O Ser, permanecendo sempre na Sua condição absoluta omnipresente, está presente nas fases sempre mutáveis da existência fenomenal e da criação relativa. Todo o campo da vida, do indivíduo ao cosmos, não passa da expressão do Ser eterno, absoluto, imutável e omnipresente nas fases relativas, sempre mutáveis da existência.
Um exemplo ilustrará a natureza do Ser de forma mais completa. Como vimos, os átomos de oxigénio e hidrogénio num certo estado apresentam as características de gás, noutro combinam-se e exibem as características da água, e ainda noutro estado exibem as características do sólido gelo. O conteúdo essencial do gás, da água e do gelo é o mesmo, mas modificam-se as suas propriedades. Embora as propriedades do gás, da água e do gelo sejam bastante contraditórias entre si, o componente essencial, H e O, é sempre o mesmo.
Assim como o oxigénio e o hidrogénio, permanecendo no seu estado imutável, exibem características diferentes, também o Ser, permanecendo no seu carácter imutável, eterno e absoluto, Se expressa nas diferentes formas e fenómenos da criação diversificada.
Aqui está uma afirmação que, para algumas das pessoas de mentalidade científica do nosso tempo, pode parecer em contradição com as teorias estabelecidas da física. O Dr. Albert Einstein apresentou a teoria da relatividade e disse que tudo no Universo é relativo e que a existência de diferentes mundos, formas e fenómenos só pode ser explicada em função da relatividade. Mas afirmámos aqui que o absoluto, permanecendo absoluto, Se expressa nos estados relativos da criação. Verificamos que o Ser, permanecendo na Sua característica imutável, eterna e absoluta, Se expressa nas diferentes formas e fenómenos da criação diversificada.
Há alguma consistência nestas duas expressões? Sim. Quando Einstein diz que tudo o que existe no Universo só pode ser compreendido em função da relatividade, não está errado, uma vez que a sua teoria da relatividade se relaciona apenas com o campo manifestado da criação, que é o âmbito da física.
Com certeza, nas suas tentativas de estabelecer cientificamente a teoria do campo unificado, Einstein parece ter estado claramente consciente da possibilidade de uma base última de toda a diversidade, um denominador comum de toda a criação. Pelo menos, tentava estabelecer um elemento que estivesse na base de toda a existência relativa. Se e quando a física chegar ao que Einstein estava a tentar determinar por meio da sua teoria do campo unificado, será estabelecido um único elemento como base de toda a criação relativa. Com o rápido ritmo de desenvolvimento da física nuclear, parece não estar longe o dia em que algum físico teórico será capaz de estabelecer uma teoria do campo unificado. Talvez receba um nome diferente, mas o seu conteúdo estabelecerá o princípio da unidade no meio da diversidade, a unidade básica da existência material.
A descoberta do campo desta base única da existência material será a maior conquista na história do desenvolvimento da física. Isto servirá para transformar o mundo da física na ciência dos fenómenos mentais. As teorias da mente, do intelecto e do ego suplantarão os achados da física. No limite último ou extremo das investigações sobre a natureza da realidade no campo da mente, será finalmente encontrado o estado de consciência pura, o campo da natureza transcendental que está para além de toda a existência relativa dos valores mentais e materiais da vida. O campo último do Ser está para além do campo dos fenómenos mentais e é a verdade da vida em todas as suas fases, relativa e absoluta. A Ciência do Ser é a ciência transcendental da mente. A Ciência do Ser transcende a ciência da mente que, por sua vez, transcende a ciência da matéria que, também por sua vez, transcende a diversidade da existência material.
O Ser é a realidade última de tudo o que existe; é absoluto por natureza. Tudo no Universo tem um carácter relativo, mas a verdade é que o Ser eterno, o princípio supremo da vida, de natureza não manifestada, Se expressa em diferentes formas e mantém o status quo de tudo o que existe. A existência absoluta e relativa são os dois aspectos do Ser eterno; Ele é tanto absoluto como relativo.

5 comments:

Unknown said...

Olá Emanuel,

Estou procurando a versão digital deste livro mas não consegui encontrá-lo ainda. Gostaria de saber se vc pode me ajudar no sentido de fazermos juntos uma edição digital [ e-book ] deste livro. Ressalto que ele já está fora de catálogo. Portanto já não se encontra mais nas livrarias. Aguardo uma resposta breve. Abraço.

Juliana

Emanuel said...

Sim Juliana. Diga como quer fazer isso, as suas ideias - poderei analisar. Emanuel ecpinto@gmail.com

José said...

Tenho este livro em português (fotocopiado) há mais de vinte anos
e deveras esta tradução do Emanuel me parece muito mais próxima do pensamento caloroso de Maharishi.Bom seria ler esta tradução do Emanuel na sua totalidade pois me parece excelente.Nestas coisas de tradução nem todos conseguem trazer até nós o espirito do autor.
Parabéns Emanuel.

Unknown said...

Olá Emannuel,gostari de ver,ouvir e ler e portugues os vídeos de Maharish Mahesh Yogi.Vc poderia me ajudar?Obrigado pela atenção

Anonymous said...

Emanuel,

Não retornei ao blog para verificar a resposta anteriormente. Agora enviei um e-mail para vc sobre a proposta de digitalização do livro de Maharishi. Aguardo sua resposta por lá.

Juliana Spencer